Nesta manhã
De bom grado, estava sentado de manhã na calçada de minha casa a observar o movimento das pequenas coisas. Tinha me esquecido de como é gostoso acordar sem compromissos e de chinelo e pouca roupa caminhar pelo jardim enquanto seguro com minha mão direita, um tão admirado café-com-leite matinal, sentir a brisa fresca tocar o rosto, que se põem a me despertar por completo e observar as cores, que como eu, despertam também no horizonte. Observar o balet ritmado pelo vento das palmeiras reais e ouvir a sinfonia das aves anunciando um novo dia.
Tinha me esquecido de como é importante cumprimentar o vizinho nesta manhã de sol, caminhando, lembro o quão gostoso é caminhar. Lembro da importância também de pegar a chave que caiu do bolso da moça e correr para devolvê-la, mais importante ainda, é dar um abraço apertado em quem você gosta, e dizer te amo, dizer um te amo forte e aproveitar esta oportunidade, pois não se sabe quando e nem aonde a próxima virá.
Nesta manhã, quero dar um pouco de olhos ao cego, ouvido ao surdo e boca ao mudo, quero dar pernas a quem não as pode usar, e saúde a quem desta lhe falta um bocado. Mas acima de tudo, eu quero mesmo é dar um pouco de respeito a quem este ignora, humildade a quem o orgulho corrompeu, honestidade a quem deste não usou e vergonha a quem o picadeiro não assusta mais. Eu quero dar um coração a quem no peito não bate nada, e sabe por quê? Porque hoje, especialmente hoje, tinha me esquecido, apesar de tudo, de ser feliz.
Ali.